quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Cacatua na China?


151209 – Parei em casa um pouquinho. Precisava fazê-lo.
Se tivesse de explicar para o chinês (indivíduo não-identificado visitando minha Unidade) – ou o japonês (Comandante da Aeronáutica) – a confusão que presenciava e a necessidade de pôr os dados à autocrítica, sei que gostariam de sabê-lo. É uma história tão curiosa quanto a própria sabedoria oriental saberia apreciá-la. Estranho, que agora sinto-me apto a fazê-lo. E com a serenidade de um oficial alemão.
Diria o seguinte:
“ Sentinela foi a melhor fase de minha vida. Uma realização pessoal da qual ninguém neste mundo me faz crer que não fosse um dos melhores. Sempre fui um antigo fingindo ser novinho.
E aprendi a gostar de trabalhar com a defesa aérea de meu país, muito embora não compreenda de fato o grau de compromisso ou autoridade de cada um em ambiente natural: a caserna.
E é estranho assumi-lo, porque é naturalmente desconfortável para um militar se exprimir com precisão digna do tempo empregado à leitura. Ninguém gosta de fazer-se exprimir ou agir de modo a ofender nenhum leitor. Decerto vejo valor tanto no soldado como no general estendendo-me ainda ao estrangeiro.
E por isso escrevo de modo a não desperdiçar tempo. Inclusive alheio.
Tudo o que um militar precisa para fazer-se exprimir com precisão é elaborar um COE. Comunicação Oral e Escrita. Isso não significa que não se possa utilizar meios visuais para empreender uma idéia. Um dos mais bacanas que vi foi o da primeira reunião entre o Comandante e o efetivo. Um vídeo realmente excelente, embora com alguns figurantes peculiares.
Um dia, observando algumas fotografias estáticas numa exposição de uma comitiva chinesa, fiquei surpreso em saber que na china havia cacatuas em residências. Fiquei pasmo. Mesmo na China pode-se criar uma Cacatua em uma sala de estar? No Brasil, se o IBAMA pega...
Por coincidência, um chinês super-descolado aproximou-se. A tira-colo, nada mais nada menos que o Comandante de nossa Organização Militar. Ocorre que, na presença de estrangeiros, compulsório atitude de respeito, mas observação. Entro no que chamo intimamente meu ‘módulo operacional’.
Significa que faço uma leitura detalhada do indivíduo estrageiro. É involuntário, coisa de soldado. Justifico esse procedimento porque, tendo sido soldado trabalhava em uma guarda. A guarda de minha própria Unidade. E as comitivas estrangeiras visitando a Unidade eram raras...
Acostumado ao serviço de sentinela, tudo o que pude observar naquele momento é que não portava crachá. Péssimo assunto. Por isso, saí de fininho...”.
Também porque se soubessem que o modelo de nossa Unidade vigente na década de 80 aumentaria em muito a segurança da China, ficariam surpresos. Controle de tráfego civil e militar simultâneo é desejável para qualquer país de grandes dimensões. Mas esse não era o melhor assunto...
Enfim: o chinês aproximou-se trajando um sóbrio – e padronizável – terno preto, salvo engano sem riscas, ou discretíssimas. Bom corte. Não transita no local de algumas fotos. Mesmo na China, onde a pena de amputação é lei, há cidadãos que não transitam fora das capitais. Como no Brasil.
Perguntei-o em português se havia cacatuas na China. Minha intenção era saber se era existente em sua fauna. Sempre acreditei que cacatuas fossem de uma espécie do papagaio que existiam em ilhas polinésias, como no seriado “Ilha da Fantasia”. “- O avião, patrão!!!...”
De início, o chinês não entendeu a pergunta. Repeti a mesma pergunta em inglês. Lapso de interpretação, surge a resposta:
“- Sim, temos.” – ou algo similar.
Cacatua é cockatoo em inglês e tem sonoridade semelhante. Tá no Wikipédia. E creio que o chinês estava errado: são oriundas das Filipinas, Indonésia e Ilhas Solomon.
Ou seja: dificilmente é natural da China. Não da região Qin.
Souvenir da Ilha da Fantasia.
Pudesse encontrar o chinês novamente, teria explicado porque, dentre tantas fotos, a que chamava atenção era o psittaciforme. Ele havia apontado um casamento chinês. Achei que era um almoço.
Minha atenção ao pássaro vem do entendimento pessoal que onde há fauna agradável há pássaros, e os pássaros favorecem a flora. Compreendendo por conseqüência que pássaros são semeadores e polinizadores naturais, como as abelhas.
A diferença entre a família chinesa da foto e a brasileira é que criamos nossos animais fora de casa. Há espaço para eles, e de certo modo as pequenas áreas intocadas pela civilização abrigam pássaros que migram às cidades. Por isso somos cercados de trinca-ferros, sabiás, bem-te-vis e outros tantos seres curiosos. Presto atenção, sempre que possível, na existência e canto dos pássaros. Acredito que chineses busquem fazer o mesmo.
Em comum, o psittaciforme. Tivesse preparado-me para apresentar a casa brasileira, o exterior muitas vezes é materialmente mais belo. No pé de goiaba (The apple guava or common guava (Psidium guajava; known as Goiabeira or Goiaba in Brazil and Guayava in parts of The Americas) is anevergreen shrub or small tree native to Mexico, the Caribbean, and Central and South America.[1] It is easily pollinated by insects; in culture, mainly by the common honey bee, Apis mellifera.
This species has become invasive in central and southern Florida and should not be planted or sold there.) pousam todas as manhãs papagaios do tipo Amazona viridigenalis. E se vire para acessar o Wikipédia pra lá daquele muro enorme...
O curioso é que é uma ave natural do nordeste do México e a fruta também. o pé de goiaba foi considerado uma praga na Florida.
Por isso encontro-os de manhã, no Brasil. Do lado de fora de meu quarto. Eles também gostam de goiaba.
Além dos Psittacidae, Cacatuidae há também os Nestoridae...
Depois de toda essa encheção de lingüiça, pena não poder enviar um presente. Um singelo gibi: Zé carioca.
A alfândega não deixa.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009