segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Privada I: o homem e sua obra – Antônio Prata

O Homem é o novo rico da natureza. Assim que nos demos conta de que éramos os únicos na vizinhança que falávamos, fazíamos as quatro operações e conseguíamos encostar o dedão no mindinho, ficamos profundamente, irremediavelmente bestas. Cobrimos a pele com panos, penteamos o cabelo pra trás, passamos uma salivinha na sobrancelha, dissemos: adeus, bicho! e saímos da selva.

Nem mal deixamos o bosque, passamos a esnobá-lo e a condenar as atitudes de todos os seus habitantes. Nós éramos superiores! Nós dominávamos a natureza! Nós usávamos ferramentas, meias e fio dental!

Novo rico que se preze, no entanto, dá bandeira. Há sempre um douradinho além da conta, um sotaque suburbano escapando num momento de exaltação, um conversível rosa com a placa mom ou dad. Com a humanidade também é assim. Por mais que consigamos trocar nossos odores naturais por mentol, eucalipto ou tutti-frutti, gastemos um bilhão de dólares em pesquisa para criar lâminas capazes de raspar perfeitamente nossos pêlos e cubramos toda a crosta da terra com asfalto e carpete sintético, um ato sempre nos denunciará o passado selvagem, a natureza animal: a cagada. Ali não tem desculpa, não tem disfarce.

A merda é nossa ligação perene com a floresta, com o barro de onde viemos. Aí não tem talher nem tailleur nenhum que nos diferencie da arara ou do tamanduá. Nus como as trutas, acocorados como os cães, expelimos a verdade universal, fisiológica, cilíndrica e obscura que por tanto tempo tentamos ocultar. Somos animais!

Temendo uma reflexão mais elaborada sobre o assunto, e sabendo das conseqüências que tamanha verdade traria uma vez revelada, desde cedo cuidamos de camuflar o assunto. Fizemos com a bosta o que fazemos com as putas, as drogas e tudo aquilo que é necessário existir, mas não é preciso divulgar; marginalizamo-la. Condenamos as fezes ao ostracismo.

No início, enquanto vagávamos nômades, a coisa era bem fácil. O sujeito simplesmente se afastava um pouco da horda, fazia o que tinha de fazer e ia embora, deixando as sujeiras para trás. Estávamos literalmente cagando e andando.

Quando os primeiros povos dominaram as técnicas de irrigação e, portanto, a agricultura, passaram a viver fixos num determinado local, e defecar ficou um pouquinho mais complicado. O sujeito tinha que sair da aldeia, andar um pouco, achar uma moita, cavar um buraco, fazer e enterrar. Durante muito tempo a coisa rolou assim, trabalhosa, mas sem maiores problemas.

Foi o crescimento da população e das aldeias que começou a complicar o processo. A moitinha ia ficando cada vez mais longe de casa, corria-se sempre o risco de se encontrar um conhecido por lá e, pior de tudo, cavar um buraco de segunda mão.

Dizem que foi um bretão chamado Walter Collins que teve a brilhante idéia: cavar um buraco bem fundo no quintal de casa e cercá-lo por paredes. Em pouco tempo a invenção de Walter, assim como suas iniciais, já podiam ser vistas em grande parte do mundo. Parecia que o problema havia sido solucionado. Mas veio a revolução industrial, o grande êxodo para as cidades e os quintais, como se sabe, foram pra cucuia.

Talvez tenha sido esse o momento mais difícil da humanidade frente aos seus excrementos, o clímax entre o Homem e sua sombra animal. Tivemos que trazer a bosta para dentro de nosso próprio lar. Para que isso fosse possível, bastava que jamais assumíssemos o verdadeiro fim do aposento que covardemente, eufemisticamente, chamamos de banheiro. Sim, meus caros, para não dar nas vistas, inventamos o chuveiro, a banheira, a higiene bucal, o secador de cabelo, o rímel, o blush e o batom, a acne e os tratamentos antiacne e todas as outras coisas para se fazer ali. Além disso, criou-se um arsenal para se disfarçar o cocô: sprays com odor de rosas, sachês que deixam a água da privada azul, verde ou rosa, exaustores, bidês e papeis higiênicos perfumados.

Ali, naquele ambiente cientificamente controlado, podemos aliviar as nossas necessidades com o máximo distanciamento possível. Após dar a descarga, nosso cocô é mandado para esgotos submersos, que desembocam em rios que vão dar lá longe no oceano. Sanamos o problema por enquanto, mas é só uma questão de tempo.

Todo esse cocô está se unindo, formando o maior movimento underground do mundo. Nossas cidades, nossos países estão boiando sobre rios de merda. Fala-se muito no fim do petróleo e no fim da água, mas não será assim que nós morreremos. Numa incerta manhã um cidadão dará a descarga e, como na piada, ouvirá o estrondo: o subsolo, entupido, explodirá. A verdade, reprimida por séculos e séculos, emergirá. Só nesse dia todos perceberão o tamanho da cagada em que nos metemos desde o dia em que resolvemos sair da floresta. E não haverá sachê nem bom ar que dê jeito. Como se sabe, só as baratas sobreviverão.

domingo, 12 de dezembro de 2010

TLDZ ou 2E

No mesmo carro com motor aspirado (digo aspirado no sentido de ter feito trabalho de cabeçote, comando, escape, etc):

Com um carburador 2E o motor tinha uma aceleração gradual, sem buracos e constante quase como um motor original só que mais forte. A regulagem de marcha lenta também era mais fácil devido ao posicionamento do parafuso e pelo fato de ser um parafuso!

Mas era só isso... As desvantagens eram a partida a frio MUITO difícil comparado ao TLDZ - e antes de o motor atingir temperatura normal de trabalho era uma condução horrível!

O TLDZ fornece mais torque em baixa rotação que o 2E porém é mais "brabo"
para controlar em baixa rotação - é difícil manter 30Km/h em reta sem acelerar nem tirar o pé do acelerador com o TLDZ (em 3a marcha, caixa PS(Loooonga)), já o 2E era bem sussegado. Com o TLDZ o carro tende a "soquear".

A aceleração do TLDZ é MUITO superior ao do 2E, porém é mais "buracosa" heheheh
Tipo: na 1a marcha puxando de 0 a 60Km/h ele se "embabaca" um pouco até 30Km/h, então dos 30 aos 40 ele ganha um ânimo considerável e dos 40 aos 60 ele vai como uma bala!

Já com o 2E ele acelerava gradualmente (porém com menos velocidade) até 50Km/h e daí se amarrava até os 60Km/h - tanto que nem valia a pena esticar até essa velocidade com ele...

Consumo de combustível é igual em ambos. Velocidade final é entre 5 e 10Km/h maior com
o TLDZ.

Resumindo: Se vc prioriza dirigibilidade num motor aspirado (então nem deveria ter aspirado!!) e vc roda a maioria das vezes com o motor quente então o 2E é pra vc.
Se vc prefere potência em altos RPMs mesmo que sacrificando dirigibilidade em baixa rotação porém com melhor dirigibilidade e frio: Fique com o TLDZ.
Isso que relatei é o que aconteceu comigo! Pode ter um monte de gente dizendo que "blah blah blah TLDZ é uma mer**" mas pra mim foi melhor que o 2E que tentei... Tanto que hoje já me desfiz do 2E a tempo e não pretendo trocar o TLDZ tão cedo (a menos que por uma IE Fueltech :)).
DIZEM que no caso de carro turbo a coisa muda de figura - mas daí eu não sei porque eu não me interesso por carro turbo...
Falow!

EDIT: A marcha lenta com 2E é melhor do que com o TLDZ. Com o TLDZ o giro tem que ser um pouco maior e mesmo assim a lenta não fica perfeita (comando 272).

Misgurnus Anguillicaudatus

O dojô (Misgurnus anguillicaudatus) é um peixe cobitídio de água doce, nativo do nordeste da Ásia, especialmente da China. Popular no aquarismo, por ser um agente limpador de fundo. Gosta muito de enterrar-se, principalmente durante o dia, pois é predominantemente notívago, mas em casos de água muito fria, o dojô fica letárgico, a passar muito tempo enterrado.
Esse peixe normalmente não passa dos oito centímetros em cativeiro, mas chega aos vinte centímetros na natureza. Ele é encontrado em duas pigmentações: uma com o corpo mais listrado e outro com menos listras.
A água ideal para um dojô tem o Ph 7,0 – ou seja, neutro – e temperatura em torno dos 22 °C.
Segundo afirmam algumas pessoas, este animal possui habilidades meteorológicas, e pode prever tempo chuvoso, quando começa a saltar para fora da água. É um animal forte e resiste mais tempo sem água do que a maioria dos peixes.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Barão de Itararé

Máximas do Barão de Itararé


De onde menos se espera, daí é que não sai nada.

Mais vale um galo no terreiro do que dois na testa.

Quem empresta, adeus...

Dizes-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.

Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.

Quando pobre come frango, um dos dois está doente.

Genro é um homem casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.

Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.

Quem só fala dos grandes, pequeno fica.

Viúva rica, com um olho chora e com o outro se explica.

Depois do governo ge-gê, o Brasil terá um governo ga-gá. ( Ge-gê: apelido de Getulio Vargas. Ga-gá: referia-se às duas primeiras letras no sobrenome do novo presidente, Eurico Gaspar Dutra).

Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga.

Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.

O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim , afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.

Os juros são o perfume do capital.

Urçamento é uma conta que se faz para saveire como debemos aplicaire o dinheiro que já gastamos.

Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.

O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.

A gramática é o inspetor de veículos dos pronomes.

Cobra é um animal careca com ondulação permanente.

Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.

Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.

Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem.

É mais fácil sustentar dez filhos que um vício.

A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados.

Adolescência é a idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará chato como o pai.

O advogado, segundo Brougham, é um cavalheiro que põe os nossos bens a salvo dos nossos inimigos e os guarda para si.

Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você.

Mulher moderna calça as botas e bota as calças.

A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.

Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.

Pão, quanto mais quente, mais fresco.

A promissória é uma questão "de...vida". O pagamento é de morte.

A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.


Extraído de "Máximas e Mínimas do Barão de Itararé", Distribuidora Record de Serviços de Imprensa - Rio de Janeiro, 1985, págs. 27 e 28, coletânea organizada por Afonso Félix de Souza.