segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Três em um

Acato o que não compreendo atribuindo às minhas crenças o modo de agir.
E quando as coisas parecem estranhas, presto mais atenção aos detalhes.
É o que me mantém vivo.
Há vários tipos de Inteligência. A inteligência humana, a inteligência artificial. Não são necessariamente opostas, mas de natureza diferente. A distinção entre esses dois tipos de inteligência é que somente ao homem é dado a vontade. Uma máquina não desenvolve a vontade.
Meu RA é uma máquina extremamente treinada. O número mais extenso que tive de decorar.
9260010673-01
A história desse número precisa ser contada desde o início, mas pelo meio. O meio é agora.
Três caras poderiam ter se manifestado pelo mesmo CPF. O que respondeu foi o Freitas.
Só que ele foi disfarçado de F.Silva.
F. Silva pegou a guia de inspeção. Detesta agulhas. Dia de inspeção é dia de desconforto. Por isso Ulysses não apareceu. Aliás, nem apareceria. Muita gente esperando por ele – e ele é super tímido. Ulysses teria feito a inspeção na quinta-feira. F. Silva prefere a quarta.
Freitas estava mais descansado. Pegou a tarjeta do F. Silva e saiu. Um aspirante recebeu o RC “três em um” e não era especialista. A fisiologia – creio essa a especialidade médica – trata-se do organismo. Não se volta para o fator da lógica humana. Ele encaminharia as queixas. Consta no prontuário.
A conversa teria de ser tranqüila. Nada de disseminar o pânico, isso prejudica o bom andamento do serviço. Entretanto, o fisiologista compreende que os sinais de falta de apetite, tabagismo e ansiedade são características da área de psicologia.
Sugeriu encaminhamento para psiquiatria. O RA já considerava esta uma alternativa lógica . Um psiquiatra tem duas alternativas: apto, apto com restrições.
A guia continha um brasão idêntico ao de sua carteira. República Federativa do Brasil – 15 de novembro de 1889. Ministério da Defesa, Comando da Aeronáutica, Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo.
Que merda é essa de usar essa carteira? O que deu no Ulysses? Freitas não entendia mais nada. De uma hora para outra, decidiu vibrar?!? Tá precisando falar com psicólogo...
ORDEM DE INSPEÇÃO DE SAÚDE
Daí vinha nome e o espaço destinado ao RC. Estranho, ao invés do número da identidade, apareceu o número de soldado. O bicho deve estar pegando para o sargento.
Depois eu resumo.
O RA está em módulo de defesa. É a melhor hora de provar o sistema. Até o momento, busquei agir mais ou menos como os outros agiriam. Agora ajo por mim mesmo. Nós três.
Se é verdade que somos feitos à imagem e semelhança divina, divida-se em três. Você vai ser três vezes mais forte.
Utilize todo conhecimento disponível. Não é porque se seja sargento hoje que se dispense o conhecimento de soldado. Um dos itens importantes que se deve ter em conta quando se passa a valer sua vontade – vem de “voluntas”, substantivo derivado: voluntário. Para ser um voluntário bem sucedido você tem que saber utilizar sua moral.
Lembrando: moral é a constante aplicação da ética. Se você aplica a ética e sabe se justificar – mesmo nos momentos embaraçosos, você é bem sucedido. Tudo isso faz parte de um contexto que existe, é real.
A questão é que o irreal se manifesta o tempo todo. E você precisa de armas para combater as investidas eventuais do ambiente e se proteger. Na verdade, se todos os preceitos jurídicos fossem seguidos, não haveria espaço para a corrupção.
E quando você a encontra, mesmo sem desejar, vai ter que combatê-la. Mantenha seu fuzil limpo ao perceber tropas inimigas.
Você precisa cuidar de seu CPF como quem cuida de seu armamento. Um soldado nada é numa guerra sem um bom revólver. A pistola é prática, mas exige duas mãos para operar.
Muitas vezes é importante tratar questões legais como quem utiliza uma arma. Você precisa saber lidar com a legislação sem realizar disparos involuntários a exemplo de quando limpei meu revólver Taurus. Limpava-o à noite. Senti vontade. Ele disparou na grama.
Ninguém na rua. Nem eu.
Mas no combate administrativo, vivo em constante alerta. O tempo todo observo criteriosamente as eventuais investidas contra minha carreira. Aprendi uma coisa: trate sua capacidade de fogo administrativa como sua capacidade de disparar uma arma de fogo.
Uma das coisas que a gente aprende na guerra administrativa é a não usar munição velha. Ela pode falhar.
Ao alimentar seu fuzil, você precisa poder contar que cada pressionada no gatilho corresponda a um disparo. Somente assim você assegura “um tiro, uma queda”. É a maior economia que você pode fazer para seu próprio estoque de munição.
Métodos administrativos antigos, como munições recondicionadas, não têm garantia prática de funcionamento. O disparo pode “mascar”. Foi o que aconteceu com um oponente meu, recentemente. Trata-se de que o disparo simplesmente não se sucedeu. Isso certamente é frustrante. Quando o oponente conta com o acionamento de documentos em seqüência tem que saber o tempo de funcionamento de cada componente. Mais ainda, você precisa saber como neutralizar um ou outro dispositivo mecânico. É assim que você se defende em um “corpo-a-corpo”. Você agarra-o pela cintura e impede que sua arma dispare.
Daí depende do tipo de arma que o cara tem. Se for um cara avançado, que anda com pistola e deixa cartuchos espalhados por aí, ele tem fraquezas específicas. Se for outro, que anda com revólver de tambor, são outras as fraquezas específicas. As diferenças são tão claras para documentos administrativos quanto ao uso de armamento.
Se você estiver a dois passos de um oponente, você pode distanciar-se ou agarrá-lo pelo cinto. A proximidade excessiva talvez permita que você tome a arma do oponente. Ao mesmo tempo, sua reação pode significar sua morte. É uma situação delicada. Evite-a.
Caso ataque, não permita proximidade excessiva com o oponente. Ele pode agir inesperadamente. Meu oponente, por exemplo, “disparou” uma seqüencia de eventos que podem me prejudicar. A falta de sorte é que, como Maquiavel, não contava com a idéia de estar a dois passos, e sim bastante próximo.
Próximo o bastante para “segurar o tambor” do 38. Se for um agressor meio Neanderthal, ele vai simplesmente sacar o revólver da cintura, apontar para sua direção e pressionar o gatilho. A destreza, num momento desses, não é estar a dois passos do oponente e saber que o fato de não ter trazido o cão à retaguarda irá “pesar no gatilho”. Ou seja: vai haver uma “gatilhada”. Numa gatilhada, você dificilmente atinge algo que queira. A verdadeira arte é estar ao lado do indivíduo e simplesmente grudar no tambor como quem aperta os colhões do cara. O revólver não armará e não disparará.
Todo velho babaca que não entende de armamento pode muitas vezes ser vítima de seu desuso. As peças não sinergizam.
Recebi uma instrução de saúde. Sabia que meu oponente me perseguia. Meu nome, como no conto de Homero, era Ninguém.
A intenção de meu oponente era clara: prender-me. Para isso, ele precisaria cumprir alguns procedimentos. Um deles é que minha inspeção de saúde estivesse em dia.
Curiosamente, a inspeção de saúde tem validade, e quando ela está fora de validade você está virtualmente “inimputável”, pelo simples fato de haver a possibilidade de não estar em boas condições psicológicas. Mesmo um chefe que admoesta exageradamente pode causar doença em seus funcionários.
A questão é que ao frustrar o cronograma de realização da inspeção, o oponente se impacientou. Ligou para um monte de gente, atrapalhando o bom andamento do serviço.
Eu acho que foi trote. Meu oponente não teria coragem de dar um grave desses. Mas todo mundo diz que ele “cobrou” o setor de inspeção.
E o setor de inspeção cobrou a encarregada do setor.
A encarregada contou-me o ocorrido. Antes da inspeção – claro.
Logo, o RA, compreendido três nomes e uma só pessoa, apresentou-se com tarjeta distinta da usual. E percorreu as clínicas. Verificou pessoalmente as condições de trabalho dos profissionais de saúde do hospital. Isso será um capítulo à parte.
No momento interessa que o organismo definitivamente está exigindo manutenção. O conjunto, representado por 9260010673-01
*pausa* duas gurias (namoradas) me ligando. Tomamos umas cervas, elas saíam o tempo todo para o banheiro e não era retocando maquiagem. Elas se chupam o tempo todo. E eu tento não me desconcentrar do que faço. É uma doce tentação... quer saber de uma parada? Só amanhã. Hoje tem coisa mais interessante para fazer...
DD AI VEI KERIA TA AI AGORA C MINHA NAMORADA AFS, MT SAUDAD DLA. POD NEM GEMER NESRA KSA. RS PODIA PEGA NOIS AKI RS BEIJO SE CUIDA
Um bom comunicações pára e pensa: tá muito em cima. Propõe para amanhã, na porrada. Mensagem enviada:
KK HOTEL AMANHÃ, NÓS TRÊS. PENSE... ENCHER A CARA, ACORDAR COM CAFÉ DA MANHÃ, FALTA SÓ A QUANTOLA. CABOU CRÉDITO
Sun Tzu diz: gerencie a energia.
Uma leitura rápida do radiograma, criteriosa.
No literário seria o seguinte:
Gato, queria estar aí agora com minha namorada “afs”. Muita saudade dela. Pode nem gemer nessa casa!(risos) você podia pegar a gente aqui. Se cuida.
Peraê. O que é “AFS”?
A guria tem uma namorada, e estão “morando” na casa da mãe dela. Diferente.
A mãe dela está subindo pelas paredes. Tava com um camarada que não estava agüentando nem a mulher de casa, e cumpria dois expedientes. Duas mulheres. Mediei contatos com um amigo. Tá dando certo.
Quando as gurias começam a transar, a mãe fica puta da vida porque incomoda não ter com quem foder. Um saco. E ela já aceita a filha – o que parece ser a coisa certa. O único problema é que no quesito privacidade, as casas populares não são exatamente um primor de engenharia...
Ainda pouco estávamos em um barzinho.
Para amanhã provavelmente uma das duas está de “Chico”. Se as gurias se pegam mesmo de Chico. Isso sim, é gostar de mulher.
Mulher menstruada comigo não tem vez. Por vezes, isso quase dava separação. Bom indicativo de qualidade sexual – a mulher submeter-se ao sexo com o inconveniente de um “banho de sangue” na cama? Não combina.
A não ser que esteja muito afs. Que porra é AFS?!
A interpretação não fecha: pela falta de uma padronização para abreviaturas de mensagens – um troço tão antigo no serviço de comunicações de qualquer país – não sei dizer se AFS siginifica “A Fim de Sair” ou “A Fim de Sexo”.
Por isso a mensagem foi respondida jogando o que os três estão negociando, e um só empecilho: consertar o motor da Quantum.
Resposta:
GG AF N? VEI AMANHÃ? OTO DIAA, MAS DE BOA, SE ROLA A QUANTOLA? NOIS, AGENT PODIA IR NUM CLUB SEI LA... QERO ME QUEIMAR RS KOKE COISA SO LGAR BJ MLK S CUIDA TE AMUL’.
Hmm interessante. O caso exige reflexão...



Deus têm seus números. Nunca permita que os zeros te deixem chateado. Não são confusos como as letras.

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