sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Antivirus

Pode acontecer que algum dia vírus seja coisa do passado. Por enquanto, é uma peste surpreendente. Culpa dos Gates. Gente do tipo Gates tem vontade de espalhar a capacidade de comunicação, de interconectar sem grande seletividade uma enorme quantidade de pessoas. De seus dispositivos de comunicação, as redes costumam primar pelo acesso remoto. Isso se faz evidente pelo processo de atualização de qualquer software. Quem deseja menor grau de risco de ter seu computador acessado por hackers ou danificados por vírus prefere ambientes mais controlados, onde o computador responda com maior foco a processos internos, tornando a rede um acessório de interligação. Um acessório negociado.
Tomemos o Linux, por exemplo. É um excelente ambiente, onde a preocupação com vírus foram praticamente esquecidas. Essa é a vantagem de quem trabalha com Linux: não dispensar tempo precioso livrando-se de obstáculos à criatividade. Em contrapartida, cada ação desejada deve ser explicada detalhadamente pelo próprio usuário. O problema é que coisas inteligentes, feitas por gente inteligente, normalmente é pouco operável por gente prática. Culpa dos Torwalds e Jobs.
Como detectar o trâmite de informações da rede em seu computador? Há alguma forma de evitar que idéias, fotos ou documentos pessoais sejam acessados por terceiros, como possibilita programas como o ProRat?
Ao digitar este artigo, percebi lentidão no acesso à internet. Páginas que normalmente abrem em segundo levando até meio minuto para exposição denunciam um microcomputador virótico.
E há várias outras características. A questão é: como regular a privacidade de seu computador em relação ao acesso remoto – não ao usuário como a Microsoft tem o descarado hábito de fazer. Na maior parte dos locais onde estão instalados, não é importante quem está próximo ao terminal do usuário.
É importante quem tem acesso ao conteúdo do terminal.
Bloquear terminal por tempo ocioso é uma estultice. Melhor bloquear rede, e não é assim que a Microsoft quer que aconteça.
Suscito essa e outras questões todo dia. Quando se fala em tecnologia de informação, há de se lembrar que surgiu de conceitos de comunicações elementares. O desenvolvimento de senhas e privilégios de administração de rede foram conseqüência de conceitos de sigilo de comunicações, em proximidade ao sigilo de informações.
No seio dessa cultura trabalho há pouco menos de duas décadas. O Odissey e Atari viraram Playstation e Nintendo. As máquinas telex viraram Personal Computers. A Comutação automática virou um emaranhado de servidores.
E no caso do autor deste artigo, o estafeta virou especialista em comunicações. Não do tipo insípido, que crê que tudo deve ser acessado e afetado à distância.
Virei o tipo de gente que monitora o gerenciador de tarefas. Que em observação constante busca manter seu terminal o quanto mais possa seguro.

ARCHÉ
O início. Adoro máquinas Telex. Com elas você só se comunica com quem quer se comunicar. Acho que graças ao teletipo utilizo menos o telefone. Falo com menos pessoas e busco ser o mais sucinto ao telefone. Definitivamente não sou o melhor cliente das operadoras de celular.
Na medida do possível, o militar de comunicações tende a ser reservado. Costumamos ser detalhistas e interligar informações com certa facilidade. Alguns de nós sabem utilizar uma mesma informação em diversos setores de suas vidas. Mesmo entre pessoas do ramo é comum encontrar dois tipos díspares: há os comunicativos e os reservados.
Os que trabalham em setores ligados à aviação são comunicativos. Detestam a idéia de deixar de levar ao máximo de destinatários possíveis a informação de vôo que julguem necessária. São os Gates da turma, trabalhando em horários diuturnos e são capazes de predizer o tempo da tarde pela manhã com a mesma precisão dos meteorologistas.
Já os que trabalham nas comunicações em seu braço militar são reservados. Restringem com algum cuidado seus destinatários e são sucintos. Seu bom humor distribui-se em 10 por cento de ironia e 90 por cento de sátira. Mas não podem ser comparados a Steve Jobs. Steve, como os IPods, não tem humor. Mas são capazes de perceber com precisão superior a 90% se algo vai dar errado. São pessimistas militantes.
Formei-me um homem dividido. Passo alguns períodos vivendo como os primeiros, e outros tantos como os segundos. É mais fácil ser uma metamorfose ambulante quando há apenas duas opções. Militar é a profissão mais fácil que existe. Tudo é fácil, quando se sabe.
Então, tem dia que fico moscando na frente do computador sem conseguir escrever nada, e noutros desligo a conexão de rede para evoluir a compreensão de tudo que me cerca sem disputar memória com o antivírus. Para que o computador não pareça lento ou apresente travamentos, faço uso de conceitos básicos de comunicação que utilizo em telefones fixos e celulares. Para evitar vazamentos de informações, não conecte. Para não receber informações inúteis, não esteja conectado. Conceitos básicos da vida social que são extensíveis ao ícone do computadorzinho que fica no canto da tela, perto da tecla Del.
Ou seja: eu os desligo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aqui sua expressão é livre!